sexta-feira, 24 de julho de 2015

Chá com Filosofia #4


 Bem vindos à mais uma nova conversa, fico feliz com a presença de todos. Hoje trago a quarta edição do Chá com Filosofia, esta é uma série no qual temos uma conversa simples e leve sobre vários assuntos intrigantes no sistema de perguntas e resposta, mas não deixa de ser interessante e filosófica. 


 Para quem não leu as sessões anteriores aqui estão os links:


 Não se acanhe, venha participar, não é necessário ter graduação em filosofia nem em nenhum curso para discutir aqui, o Ágora do Pensamento é um local aberto à todos, basta gostar de pensar. Fique a vontade, caso não concorde com a minha opinião, para me contestar, eu adorarei conhecer sua opinião.

 Vamos as perguntas de hoje: 

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  • Podemos encontrar o sentido da vida no universo? 


- Ser ou não ser eis a questão


 Hoje a conversa já começa com uma pergunta intrigante, um tema bastante polêmico. 

A humanidade sempre buscou responder o que é o sentido da vida, sempre se empenhou em dar um significado para a vida, entender seu propósito. Segundo P. Tiedemann, demarca então a "interpretação do relacionamento entre o ser humano e seu mundo". Este interesse existe em parte pela dificuldade e angústia que causa o simples fato de existir, veja esta frase de Rivarol: 


"Viver significa pensar sobre o passado, lamentar sobre o presente e tremer diante do futuro."


 A filosofia antiga trouxe a resposta que o sentido da vida é a busca pela felicidade, ser feliz é a característica mais elevada e desejada. Cada religião possui a sua visão sobre o sentido da vida, para o Cristianismo é a comunhão de vida entre o homem e Deus, para o Judaísmo é o obediência da lei judaica e por ai vai.

 O universo possui dimensões imensamente infinitas, o que vemos como algo grande, como o sol por exemplo, comparado com o universo em sua totalidade não passa de um grão de areia. Se o sol é um grão de areia, imagine o que somos. Isso demonstra nossa irrelevância perante o universo.

 Mas se refletimos mais um pouco perceberemos a importância que este grão de areia, apesar de seu tamanho é capaz de realizar grandes feitos, trilhões de vidas dependem do sol.

 Vou além:

cosmo é formado por diversos, zilhões de grãos de areia que juntos trabalham em sincronia formando algo tão complexo que a humanidade não consegue entender 100%.

 Podemos usar o universo como exemplo para a sociedade humana se espelhar, somos pequenos, mas juntos com ajuda mútua somos capazes de realizar grandes feitos, como as pirâmides e o coliseu.

 Pois é, parece que a humanidade e o universo, apesar de tão diferentes possuem muito em comum.

Esse menino de 9 anos têm muito a dizer sobre o assunto, aposto que vai te surpreender: 


  • Ser livre é tudo o que queremos? 


 No chá com filosofia #3Clique aqui, discutimos se é bom ser livre. Agora vamos além:

O homem sempre buscou a liberdade, os movimentos abolicionistas e os revolucionários trabalhistas buscavam uma melhor realidade, com mais direitos e liberdade garantidos. Mas por que querermos ser livres? Qual é a vantagem nisto?

 Parece haver um desejo inato pela liberdade, o homem não gosta de ser controlado, não gosta de rédeas, mas ser livre possui um alto custo.

Primeiroporque, sendo livre, tudo que acontecer na sua vida será de sua responsabilidade, um infortuno ou um acidente pode não ser sua culpa, mas é você que terá que arcar com as consequências de existir.


E as consequências são altas.

 Segundo, por trás de toda escolha ou decisão, por mais que renda frutos bons, terá uma consequência ruim, que é a perda deu uma oportunidade de viver em uma realidade que nunca vai existir, mas que poderia ter existido.

 Darei um exemplo para ficar mais claro, ao decidir fazer uma viagem você poderá escolher diversos destinos, digamos que você escolha a França ao invés do México. A viagem foi ótima, muito divertida, cheia de cultura, mas você não foi para o México. Ah, é só ir em outra ocasião, você me responde.

 Acontece que não é tão simples, a oportunidade que você perdeu nunca mais vai acontecer, você nunca saberá o que poderia ter acontecido no México, as pessoas que teria conhecido, a experiência que teria vivido. Você poderia ter encontrado sua alma gêmea, vai saber!

 Isso é angustiante não é? Agora entende o que quero dizer com as consequências de ser livre.


" A todo momento temos que escolher. A cada escolha que fazemos decretamos a morte da outra possibilidade não escolhida. Isso freqüentemente nos traz ansiedade frente ao conflito de não podermos viver tudo ao mesmo tempo, de não podermos estar em mais que em um lugar ao mesmo tempo. O ser-aí morre cotidianamente todos os dias "(ROTHSCHILD; CALAZANS, 1992, p. 146).



Aqui vai um pensamento para a vida ficar menos angustiante, eu não iria cometer o crime de escrever esse texto todo e terminar com uma reflexão negativa né, temos que ter em mente que ao menos pela escolhas que fizemos estamos vivos, o avião poderia ter caído no México ou ter passado mal após comer um burrito. Anime-se, bola pra frente. 
"Ser-se livre não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode".
- Jean-Paul Sarte 

    E é isso aí pessoal, gostaria de dizer que só tenho a agradecer àqueles que participam do blog, aos parceiros blogueiros. Sério mesmo, vocês meus leitores, contribuem muito para que eu continue escrevendo, isso realmente motiva a seguir a diante, sempre crescendo.

   E para àqueles que estão aqui pela primeira vez, caso tenha gostado não esqueçam de seguir o blog nas redes sociais e compartilhar com seus amigos, eles também podem gostar.

   Participe! Dê sua opinião!

  Veja o próximo Chá com Filosofia aqui 

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8 comentários:

  1. Bom dia João. Como coloquei no Google+, achei interessante a sua proposta. Bom, pra início de conversa, minha base filosófica é o cristianismo católico, entretanto mantenho a mente aberta a novas discussões, pois não tenho a pretensão de concretizar conceitos irrefutáveis, nem mesmo sou um 'pensador' ou filósofo.
    1 - Podemos encontrar sentido na vida no universo? A minha orientação reflete que a vida, em si, é um ato de puro amor. É uma resposta simples que leva a mais perguntas do que satisfação. Levando em conta que nossa capacidade cerebral é de, no máximo 10% (fato científico), ser capaz de entender as nossas limitações torna-se uma virtude. Tem um filme de ficção científica, donde alguns cientistas empreendem uma viagem interplanetária em busca de respostas para a vida e seus criadores. Durante a viagem um andróide faz a mesma pergunta. "Por que me criaram?" A resposta do humano foi simples: "Porque podíamos." É muito frustrante, eu sei, mas, as vezes o simples é o real. Gostando ou não;
    2 - Ser livre é tudo que queremos? O conceito de liberdade há muito foi superlativizado. Na verdade, Platão definiu como maior objetivo do ser humano é a felicidade e não a liberdade. Acho mesmo que todo homem não procura e nem quer a liberdade. Nossa vida em si comprova que sempre vamos de encontro a alguma forma de privação e responsabilidade. Ao nascermos somos presos aos laços familiares e nos colocamos nessa situação de forma confortável, crescemos e nos tornamos empregados ou empregamos nossos atributos em prol de alguma causa, adultos procuramos parceiros para dividirmos nossos fardos, mesmo que para isso tenhamos que arcar com as agruras de uma vida a dois. Temos muito orgulho de pertencermos a alguma nação ou religião (mesmo os ateus prendem-se em suas crenças de que não devem obediência a seres superiores). Enfim, a liberdade que pregam como um ato de irresponsabilidade, sem vínculos ou obrigações, não pode ser encarado como uma virtude, pois não traria nenhum acréscimo a existência do homem.
    O exemplo que você deu é bastante interessante, realmente a cada escolha há uma desistência. A consequência disso é saber suportar os reveses.

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    1. Eu agradeço a sua participação, é justamente esta a proposta do blog, ser um espaço onde as pessoas possam discutir, debater diversos assuntos. É assim que construímos um pensamento mais rico.
      Gostei muito da sua opinião, tem muito a acrescentar ao texto. Quanto ao item 2, realmente o conformismo é mais confortável para o homem do que a liberdade. só não concordo com a parte da capacidade cerebral ser limitada em 10 %, isto é um mito.
      Veja aqui:
      http://hypescience.com/os-humanos-so-usam-uma-fracao-do-poder-de-seus-cerebros-mito-ou-verdade/

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  2. Aristóteles afirmou que a politica era a arte de deliberar sobre o bem e o bem maior a felicidade. Ele afirmou isto numa sociedade onde 10.000 homens eram livres e 400.000 eram escravos, mulheres ou crianças. Minha idéia de liberdade e felicidade é conquistar um mundo do trabalho emancipado.

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  3. Reinaldo, obrigado pela sua contribuição, realmente é hipocrisia falar em liberdade numa época que a existia escravidão. Ser livre enquanto o próximo não é livre não é verdadeiramente liberdade

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  4. Olá, boas perguntas. Tenho uma orientação pandeísta com relação a religiosidade, portanto, digo que o Universo é o sentido da vida. Deus, na minha concepção, não é um ente que observa como espectador, mas é o próprio Universo existindo. Então, nós somos pequenas porções de Deus, com especificidades e funções essenciais à manutenção do grande organismo Universo. Desta maneira, respondo que podemos encontrar em parte o sentido da vida através do Universo, isto porque, como entendo que somos pedaço (pedacinho) de Deus encontramos algum sentido da vida no Universo, mas jamais por completo, pois nossa essência é ser parte e não totalidade, havendo um impedimento natural para compreender o Todo. Não sei se consegui me explicar, esta minha concepção é um pouco complexa.

    Quanto a segunda questão, divido a liberdade em duas partes. Vontade e Desejo. O desejo são aquelas afecções orientadas pelos sentidos, ou seja, uma liberdade empírica baseada no conhecimento do móbile. Por outro lado, a Vontade é uma afecção a priori, isto é, não está condicionada a nenhuma percepção empírica, existe antes do próprio objeto. Neste sentido penso que nem sempre fazer o que desejamos significa liberdade. Acredito que a verdadeira liberdade é fazer aquilo que não queremos. Por exemplo, um viciado em droga quer a sensação da substância e é livre para senti-la, mas na verdade é escravo do seu desejo. Por outro lado, uma pessoa pode conhecer a sensação da droga, mas ser livre o suficiente para ter a vontade de abster-se em usá-la em prol da sua família, trabalho, etc. Em outras palavras, liberdade é ter o poder de contrariar a si mesmo.

    Espero que eu tenho contribuído com alguma coisa. Abraços.

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    1. Fabiano, agradeço a contribuição, acrescentou um conteúdo de qualidade à discussão, concordo com a sua opinião, Deus está em todos os lugares, inclusive dentro de nós. Quanto a segunda questão, agradeço pela distinção de vontade e desejo, são duas palavras que se confundem muito, sua explicação ajudou a intender essa diferença.

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  5. Todas as questões ligadas á existência dependem diretamente da Evolução Espiritual, a Felicidade não é algo á ser buscado diretamente, ela é criada e sentida á partir dessa Evolução, assim como a Liberdade, me refiro á Liberdade como Emancipação Espiritual, porquê a Liberdade Física é também consequência...

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    1. Clovis de Barros Filho fala que não é possível ser a todo tempo feliz, mas que para ser feliz é necessário ter um equilíbrio entre momentos de tristeza e felicidade

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