terça-feira, 21 de março de 2017

#1 Comentando Notícias : Caso Goleiro Bruno



Comentando notícias é uma série no qual exponho minha opinião sobre fatos recentes, tem como objetivo também saber a opinião de quem lê sobre a notícia, por isso sua contribuição é muito importante.

Veja a série completa:


Recentemente Bruno Fernandes de Souza, preso desde 2010, teve sua prisão preventiva revogada mediante decisão do STF que julgou o Habeas Corpus n. °139-612 de Minas Gerais , ex-goleiro do Flamengo, condenado em primeira instância pelo homicídio de Eliza Samudio. 

Para mais informações sobre relaxamento de prisão: http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2017/02/goleiro-bruno-consegue-habeas-corpus-e-deve-ser-solto-nesta-sexta-9729238.html

Em prisão preventiva, no conteúdo do HC da defesa de Bruno, é alegado que a prisão preventiva deu-se por um prazo excessivo. O ministro Marcos Aurélio, em seu voto, indica que houve inversão do processo-crime afirmando que o princípio da não culpabilidade fora ferido. 

Basicamente, ao decidir pelo relaxamento da prisão, o STF entendeu que o caso preenche os pressupostos do instituto, sendo um direito do preso estar solto, visto que a prisão era preventiva e existia recurso a espera de julgamento.

Julgamento que sempre teve muitas polêmicas, principalmente por ser uma pessoa famosa e não ter sido encontrado corpo, agora sete anos depois, volta ser cenário de discussão. A imensa maioria condena o julgamento, a de certa forma, pelo que se percebe-se nas rodas de conversas do dia a dia, uma grande frustração com a sua soltura, há na comunidade em geral um grande sentimento de injustiça, com os familiares da vítima. 

A polêmica é aumentada pelo fato de até mesmo antes de ser solto, o jogador teve contrato com time futebolístico confirmado, muitos entendem isto como um grande desrespeito à população. 

Entretanto, o caso para ser entendido da melhor forma possível, merece detalhamentos mais cuidadosos. 

Por meio deste breve texto, pretende-se passar a opinião daquele que ora escreve, que pode até não ser da mais popular, mas é desta forma que a discussão caminha, a conversa, desde que respeitosa, dos opostos, para que se forma uma noção intermediária.



A grande questão consiste que independente da qualidade de famoso do réu, se preenchidos os requisitos não há motivos para que não seja concedido um direito. O art. 5º, inciso LXVII da Constituição Federal, afirma que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado. Deste modo, Bruno só foi solto pela ineficácia do Poder Judiciário.

Ora, muitos presos em situação semelhante são soltos quase que diariamente mas não são alvos de crítica. 

Outro ponto, é que muito se promove é a ressocialização do condenado, o objetivo do sistema carcerário não é punir ou vingar-se daquele que pratica um crime, e sim, fazer que o condenado tenha condições de voltar a viver em sociedade. 

No entanto, as mesmas pessoas que defendem este ideal, são aquelas que primeiro atiram as pedras no goleiro.

Muitas pessoas argumentam que Bruno seria um mal exemplo para crianças fãs do time no qual ele jogará. E aqui, até concordo com tal ponto de vista. Mas há de se fazer ressalvas. 

Não há dúvidas que alguém que supostamente, visto que ainda há recurso a ser julgado, cometeu um homicídio de forma cruel é um péssimo exemplo, sendo que uma criança tendo alguém assim como ídolo não terá com isto algo positivo. 

Há, de certa forma, uma crise educacional nos dias atuais, a população principalmente carece de bons líderes, que inspirem coisas boas. Não que não haja pessoas modelos a serem seguidas, são inúmeras, a problemática é que o jovem é pouco incentivando a segui-las, preferindo idolatrar pessoas em que nada acrescentam para sua educação. 

Assim, muito idolatra-se famosos, jogadores de futebol, artistas, milionários, etc. E pouco inspira-se em intelectuais como, escritores, pensadores, filósofos, cientistas, professores, pessoas que de fato tem algo de importante a falar, que tem espaço reduzido da atenção da população. 

Isto é efeito do incentivo à coisas fúteis, como prazeres sem fim, bebedeiras, sexo sem responsabilidade. Não que a diversão é algo errado, é necessário equilíbrio.

Sobre o mesmo assunto, a preocupação do impacto de um presidiário produzirá na sociedade ao exercer a profissão de jogador, tem pouca relevância, visto que a educação dos filhos é de responsabilidade dos pais, estes devendo mostrar aos seus quais modelos que devem ser seguidos. 

Longe de querer impor minha opinião como verdade absoluta, o relato acima é apenas uma das várias opiniões quanto ao caso, todas possuindo méritos. Caso tenha algo a acrescentar fique livre para participar nos comentários. Caso tenha gostado siga o blog e divulgue! Grato. 

3 comentários:

  1. Sr. João, saudações, permita uma palavra a respeito do tópico. "Não há um único dia em que não me arrependo. Não porque eu estou aqui ou porque você acha que eu deveria. Eu olho para trás e vejo como eu era naquela época: um jovem, um rapaz idiota que cometeu um crime horrível. Tento falar com ele. Tento passar um pouco de juízo para ele. Ensinar como são as coisas. Mas não posso. Aquele garoto não existe mais. O que sobrou foi apenas esse velho aqui. Tenho que conviver com isso. Reabilitado? É apenas uma palavra de merda. Então ande, carimbe seus formulários e pare de desperdiçar meu tempo. Para falar a verdade, eu não me importo." palavras do personagem Ellis Redding (Morgan Freeman), do filme Um Sonho de Liberdade. Não vou entrar no mérito judicial, desconsiderando se foi justa ou não, legal ou não, quero focar simplesmente na questão moral do caso. O texto em destaque é o discurso de um detento, condenado à prisão perpétua, antes de conseguir a liberdade condicional. O Bruno, esteve detido em penitenciária por 7 anos e pergunto-lhe: há resquício de arrependimento em seu olhar? Ou em sua conduta? O sistema prisional serviu-lhe de reabilitação? Não foi o que pareceu. Aliás, os tais 7 anos não parecem ter surtido qualquer efeito sobre o caráter do indivíduo. Seu comportamento, sua pose ao lado de pessoas que se declaram seus fãs, dão a inacreditável sensação de que o tempo detido de nada valeram, pois o mesmo, além de ter gozado de alguns privilégios enquanto encarcerado, não foi mais que alguns poucos segundos. Talvez alguem possa argumentar que ele não é culpado da idolatria das pessoas, nesse caso, peço licença para citar Saint Exupéry: "Nós somos responsáveis por aquilo que cativamos.", Bruno é refém da sua própria fama, por isso a exposição e indignação de alguns setores da sociedade. A demonstração da sua incapacidade de reconhecer a responsabilidade do status que ele lutou para conquistar é flagrante. Voltemos um pouco no passado e relembremos tudo o que foi revelado há época. O ex-goleiro, no ápice de sua carreira, usava de seu prestígio para financiar uma rede de prostituição, tráfico de drogas, associação com marginais e agiotas, captação de armas. Volto a perguntar: há algum traço de ressocialização em seu comportamento? Realmente, o rapaz esta capacitado a voltar a viver na sociedade? Concordo que todos tem direito a uma segunda chance e que o mesmo deveria ter sua imagem resguardada para poder voltar a exercer a profissão que ele aprendeu para própria sobrevivência. Concordo que o clube que o contratou estava com a intenção de uma projeção nacional de instituição que auxilia na recuperação de ex-detentos, mas eu não creio que seja o caso. Agora, vou citar um caso que aconteceu há pouco tempo no mesmo flamengo, ex-time do Bruno: um peruano, sacrificou as parcas economias da família para atravessar o continente, conversar com seu ídolo e tirar uma foto com o atacante, e conterrâneo, Paolo Guerrero. Assim que sob das circunstâncias que permitiam a estada do fã ali na Gávea, o jogador mandou avisar na imprensa e ao torcedor que não iria encontrá-lo. Entretanto o torcedor foi levado a uma sala retirada e longe das câmeras e conseguiu tudo que desejava de seu ídolo. Depois que a história vazou, o atacante rubro-negro justificou a sua atitude para desencorajar outras pessoas a fazerem o mesmo e prejudicar suas famílias. Isso, foi uma atitude responsável, coerente e sapiente de sua importância. Então, hoje vemos um homem, ex-detento, sob as luzes da mídia, posar de vítima injustiçada e jogando na cara da sociedade que o crime compensa.

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    1. Concordo com sua opinião, a decadência moral da sociedade fica evidente quando analisamos o caso do Bruno. Isto nos leva a pensar muitas coisas, uma delas é a remodelação do sistema prisional, atualmente não há o menor sentido em prender, seja o crime que for por 20 ou 30 anos.
      Primeiro, porque não evita ou previne o crime, a reincidência no Brasil é alta.
      Segundo, o indivíduo que é preso saí pior do que entrou.
      Então, em relação ao Bruno, prefiro que este se ocupe de sua profissão do que esteja na cadeia, lugar este que possivelmente, de forma irônica, terá contato com o tráfico e o crime organizado.

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  2. Eu tambem escrevi um texto a respeito desse tema, mas meu enfoque foi na decadência da sociedade brasileira. O nome do texto é "E novamente escolhemos Barrabás"

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