sexta-feira, 3 de novembro de 2017

#6 Comentando Notícias: Sílvio Santos e Zé Celso: Direita X Esquerda


Estava o Zé Celso, o Sílvio Santos, o Dória e o Eduardo Suplicy em uma reunião, até parece começo de piada, talvez seja dependendo do ponto de vista. 

Objetivo do encontro convocado pelo Prefeito de São Paulo era reunir Sílvio Santos e Zé Celso, grande dramaturgo e responsável pelo teatro Oficina, para que fosse resolvido um conflito envolvendo um terreno anexo ao teatro, no bairro do Bexiga.

O teatro em questão é um pedaço da história de São Paulo. 

Confira a notícia na integra:


E de fato, o encontro chega a ser cômico, o Sílvio Santos da vida real parece ser o mesmo que o da televisão, sempre sorridente e fazendo comentários divertidos. 


O apresentador adquiriu o imóvel vizinho ao teatro, porém, foi impedido de construir pois o teatro foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que, por entendimento deste, a obra na propriedade de Sílvio Santos, que deseja construir três torres residenciais com mais de 100 metros de altura cada, traria riscos ao teatro. 

Já Zé Celso pretende construir um parque de teatro ao ar livre no terreno de propriedade de Sílvio Santos, nas palavras do próprio: 

"Prefeito, eu tenho 80 anos, Silvio tem mais, a gente nem vai ver o resultado disso, mas a cidade vai, a cidade fica aí, depois de nós e a cidade de São Paulo precisa de mais áreas verdes, ela não aguenta mais tanto shopping, tanto carro, tanto concreto", explicou. Ele acrescenta que o parque verde poderá receber tendas para festivais de música, teatro e circo. "Não precisa construir nada"

Leia a série completa: 


Veja um trecho da reunião:


O evento pareceu muito simples, mas basicamente a reunião resume o presente cenário político nacional. De um lado, o Sílvio Santos, um liberal right, do outro Zé Celso, um liberal left. Dois extremos opostos que representam grandes correntes políticos, a esquerda e a direita.

Portanto, o caso merece algumas breves anotações, leia-se críticas.

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Zé Celso, ao menos no momento da reunião, representou toda a esquerda nacional, que até possui boas intenções e bons projetos mas insiste sempre no mesmo erro: a excessiva dependência do Estado.

Zé Celso quer tornar o terreno de Sílvio em um grande teatro em céu aberto com tendas, um espaço de livre cultura, o que parece interessante e que certamente seria um grande atrativo para São Paulo, oferecendo uma opção de lazer e umas das poucas áreas verdes restantes na cidade.



Isso tudo seria ótimo, se não fosse um pequeno, mas importante, detalhe.

O dramaturgo não possui a menor noção de como tornar realidade o projeto, depende para isso totalmente de verba pública, e é sabido como o dinheiro público anda escasso, não que a cultura não seja importante, mas não é a área mais necessitada no momento.

A cultura já foi tema de outros artigos, confira:

A Arte da Nudez
Platão e a Crítica à Música Contemporânea 
Picho: Vandalismo ou Arte?

Ele a maioria esmagadora da esquerda brasileira, quando confrontado por Sílvio, que pergunta como realizaria o projeto, começa a cantar. Ou seja, foge, totalmente, da discussão.

No entanto, Sílvio Santos não produz melhores resultados. O apresentador representa a direita e o capitalismo velho. Um capitalista que é empreendedor sem ser inovador.

Por sua vez, é símbolo de uma velha classe que acha que para ganhar dinheiro só há uma solução: construir e construir, ocupar cada espaço livre. Que considera a cultura inimiga do empresário. A selva de pedra não para.


Porém, a verdade que a cultura e o capitalismo de forma nenhuma devem ser inimigos, as intenções de Sílvio Santos e Zé Celso pode ser conciliadas, um projeto mútuo poderia ao mesmo tempo preservar a cultura incentivando as artes e se tornar uma oportunidade lucrativa.

Um mundo capitalismo aclama pelo progresso, é verdade, o avanço e o empreendedorismo são necessários para que se gere mais emprego e por consequência mais qualidade de vida, a reflexão que fica é se em nome do progresso, a história de um povo deve ser apagada?  Qual é a vantagem da prosperidade econômica se a cultura for inexistente?

São consequências que devem ser levadas em análise.

Em um mundo capitalista, para que um projeto cultural seja sustentável é necessário que este seja lucrativo, e ainda, que se recorra a iniciativa privada. Mas para isso é essencial que o Estado não crie empecilhos desnecessários, como a burocracia e a alta carga tributária.

O que retira de bom desta reunião é que tanto direita como esquerda possuem pontos relevantes dignos de serem ouvidos, as preocupações de ambos são válidas, logo, a melhor opção é um diálogo, a escolha por um governo que tome medidas políticas que agrade gregos e troianos. Certamente, não é uma missão fácil.



Em outras palavras, o que se busca é um governo centrista, que crie um meio agradável para seus empreendedores e ao mesmo tempo garanta o respeito às artes, à cultura e à história de seu povo. E mais, como vivemos em um mundo capitalista, e como ainda não inventaram nada melhor, é importante que o Estado facilite o uso lucrativo da cultura.

 Este artigo teve como objetivo além de trazer, como sempre, reflexões, desenvolver os debates em relação ao centrismo, que vem sendo cada vez mais um tendência maior. Se você gostou o texto lhe convido para participar da comunidade no facebook, será bem vindo, clique aqui.


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