quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O Homem é Naturalmente um Ser Egoísta? Será ?



Para alguns filósofos pessimistas, tal como Schopenhauer, o homem seria, naturalmente, egoísta, e isto, segundo estes, se deu como fruto da evolução humana, tanto biológica como histórica, citam a teoria de Darwin como argumento para tal teoria, pois a seleção natural exigiria ampla competição pela sobrevivência, de modo que o homem competiu pelo posto de indivíduo melhor preparado.  

Em fundamento semelhante, críticos do capitalismo afirmam que este sistema político-econômico foi construído tendo como base o egoísmo, pois o lucro de um depende do prejuízo de outro, para estes, quando um país progride significa, necessariamente que outro será prejudicado. 

Será mesmo? Você acha que o homem é egoísta em sua essência? Vamos filosofar? 
Me permita desconstruir este pensamento. 


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Para chegarmos na razão do homem não ser egoísta teremos que literalmente remontar ao início da humanidade, como surgiu a sociedade e o Estado, e o porquê da existência destes. 

De início é importante ter a noção de que o homem não existe sem a sociedade, para Aristóteles o homem é naturalmente um ser social, afirmando, ainda, que se um indivíduo humano vivesse fora da sociedade seria algo diferente, um deus, sendo algo maior, ou um ogro, sendo algo a menos. 

Portanto, podemos afirmar que a sociedade surge no mesmo ponto histórico do primeiro homem, antes das primeiras sociedades existia o período chamado de pré-história, que apesar de haver grupos organizados, estes não passavam de animais sem a predominância da razão sobre instintos irracionais e emotivos. 


Para os teóricos contratualistas, como Hobbes e Rousseau, o homem passa a agrupar-se em sociedade para o bem de sua sobrevivência e perpetuação da espécie, fugindo então da "guerra de todos contra todos", do Estado de Natureza, período anterior à sociedade, que por não existir Estado, uma força política que por meio da lei controla o indivíduo para possibilitar a vida em comunidade. 

Para Rousseau, a vida em sociedade é uma necessidade intrínseca do ser humano, este percebe de forma natural, e passou a agir de acordo, que era muito mais fácil e com mais chances de êxito se vivesse agrupado com outros indivíduos. 

Inclusive estudiosos afirma existir solidariedade, sociabilidade, altruísmo e cooperação em alguns animais que vivem em grupo.

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Deste modo, não somente para o homem, mas vale para todos animais que vivem em grupos comunitários, a sociabilidade, isto é, a forma como o indivíduo interage com o outro, é essencial para  o sucesso não somente individual como coletivo. 

Sim, porque passando a viver em sociedade, a busca por alimento e outras necessidades básicas tornou-se tarefa comum, então a comunicação social tomou um alto patamar na vida humana e sem ela certamente a evolução humana não seria tão bem sucedida, pois para cumprir com as tarefas do cotidiano era, e ainda é, vital a organização entre os seres. 

O que podemos concluir, por ora, é que o homem, como indivíduo até pode ser egoísta, mas pelo menos não de forma natural, não é algo que preenche sua essência natural, no máximo tornou-se egoísta, foi corrompido, nas sábias palavras de Jean-Jacques Rousseau: "O homem é bom, a sociedade que o corrompe". 

Esta lógica, inclusive, pode ser repassada para a discussão em relação ao Capitalismo, as mais recentes teorias econômicas dão importância a cooperação tanto de forma interna, dentro de uma nação, como de forma externa, a nível internacional. 


Ainda mais em tempos de globalização e internet, a socialização entre nações tornou-se de ponto de origem e de ampliação de oportunidades para empreendedorismo, alguns mitos começam, devagar, a revelar-se falácias. 

Cito alguns deles:

1. Que o dinheiro e recursos são limitados - o dinheiro é ilimitado na medida que o conhecimento e a criatividade humana também o são. 

2. Ricos tornam-se ricos a custas de pobres - essa afirmação lentamente mostra-se inadequada para com o capitalismo, principalmente em um contexto pós-fordista. O capitalismo, principalmente no período globalizado está muito mais pautado na cooperação internacional do que na competição degenerada, assim, um bom empresário sabe dar valor ao trabalho de seu empregado. 

Portanto, quando um indivíduo age de forma egoísta está agindo contra sua verdadeira natureza, em outras palavras pode se dizer que sua parte emocional predomina sobre a racional. Diversos fatores contribuem para esta atitude, a principal delas é um excesso de individualismo, o medo causado pela violência crescente vem fazendo que as pessoas ajam sempre movidas com uma desconfiança em relação ao próximo

Quando fala-se em solidariedade não se espera-se que o indivíduo desista de seus próprios interesses em prol do próximo, reconhece-se a importância da individualidade, é importante respeitar a si próprio e buscar cumprir seus objetivos. Mas sim, não sobrepujar o interesse da coletividade em favor do individual. Explico. 

As metas e interesses de cada membro da sociedade não podem entrar em conflito com o que é melhor para todos, não que seja obrigatório ou eticamente exigível, mas em uma sociedade saudável existe uma consciência implícita que o indivíduo deva agir de modo que sua vida particular não implique em diminuição de direitos alheios de forma injusta.  

Em uma sociedade ideal existe o mínimo de agressão ao meio ambiente, pois de forma inconscientes todos tomam medidas para não agredir a fauna e a flora, pois sabem que isto prejudicará a comunidade, e por consequência a si próprio. 

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Uma sociedade cujo seus indivíduos escolhem proteger seus interesses particulares em detrimento do coletivo não está muito longe do Estado de Natureza dito por Hobbes, que vimos no começo do artigo, ou seja, apesar da existência do Estado a "guerra de todos contra todos" continua a existir. 

O que, talvez, podemos tirar disto tudo, é que a função do Estado não é apenas Vigiar e Punir, né Foucault , mas trabalhar para que o homem não perca sua essência social, isto é, a construção de uma consciência coletiva. 


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